6. Metas de curto, médio e longo prazos
As metas de curto, médio e longo prazo - 2018, 2023 e 2033 - estabelecidas no Plansab foram definidas a partir da evolução histórica e da situação atual dos indicadores, com base na análise situacional do deficit, sendo em alguns casos necessário operar com estimativas desta situação, em vista de fragilidades dos dados atuais. Tendo presente a evolução mais recente dos indicadores, 80 especialistas foram consultados, em duas rodadas, empregando a técnica do Método Delphi, apresentando suas expectativas para o setor em 2030, com o Cenário 1 como referência para a política de saneamento básico no País.
Embora apresentem inconsistências e descontinuidades dos dados de base, os diversos sistemas de informações possibilitaram estabelecer valores de referência, relativamente seguros para pautar a execução do Plansab e orientar a consolidação dos indicadores ao longo do tempo, gerando análises e ajustes futuros para as metas, além da ampliação de parâmetros a serem monitorados. Nesse processo, foram selecionados 23 indicadores, contemplando os quatro componentes do saneamento básico, além de aspectos de gestão, conforme detalhado na Tabela 6.1.
TABELA 6.1: Indicadores selecionados para as metas do Plansab
Indicador |
DESCRIÇÃO (1) |
A1 |
Número de domicílios urbanos e rurais abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna / Total de domicílios [Censo 2010] |
A2 |
Número de domicílios urbanos abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna / Total de domicílios urbanos [Censo 2010] |
A3 |
Número de domicílios rurais abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna / Total de domicílios rurais [Censo 2010] |
A4 |
Número de municípios com amostras de coliformes totais na água distribuída em desacordo com o padrão de potabilidade (Portaria nº 2.914/11) no ano / Número total de municípios com controle de coliformes totais na água distribuída no ano |
A5 |
Número de economias ativas atingidas por paralisações e por interrupções sistemáticas no abastecimento de água no mês / Número total de economias ativas [SNIS 2010] |
A6 |
Índice de perdas na distribuição de água (Vol. de água disponibilizado - Vol. de água consumido) / Vol. de água disponibilizado) [SNIS 2010] |
A7 |
Número de prestadoras que cobram pelo serviço de abastecimento de água / Total de prestadores [PNSB 2008] |
E1 |
Número de domicílios urbanos e rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários / Total de domicílios [Censo 2010] |
E2 |
Número de domicílios urbanos servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários / Total de domicílios urbanos [Censo 2010] |
E3 |
Número de domicílios rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários / Total de domicílios rurais [Censo 2010] |
E4 |
Índice de tratamento de esgoto coletado (Volume de esgoto coletado tratado / Volume de esgoto coletado) [PNSB 2008] |
E5 |
Número de domicílios (urbanos e rurais) com renda até três salários mínimos mensais que possuem unidades hidrossanitárias / Total de domicílios com renda até 3 salários mínimos mensais [Censo 2010] |
E6 |
Número de prestadoras de serviço que cobram pelos serviços de esgotamento sanitário / Total de prestadoras [PNSB 2008] |
R1 |
Número de domicílios urbanos atendidos por coleta direta (porta-a-porta) de resíduos sólidos / Total de domicílios urbanos [Censo 2010] |
R2 |
Número de domicílios rurais atendidos por coleta direta (porta-a-porta) e indireta de resíduos sólidos/Total de domicílios rurais [Censo 2010] |
R3 |
Número de municípios com presença de lixão/vazadouro de resíduos sólidos / Total de municípios [PNSB 2008] |
R4 |
Número de municípios com coleta seletiva de RSD / Total de municípios [PNSB 2008] |
R5 |
Número de municípios que cobram taxa de resíduos sólidos / Total de municípios [PNSB 2008] (2) |
D1 |
Número de municípios com inundações e/ou alagamentos na área urbana nos últimos cinco anos/Total de municípios [PNSB 2008] |
G1 |
Número de municípios com estrutura única para tratar da política de saneamento básico / Total de municípios [Munic 2011] |
G2 |
Número de municípios com Plano de Saneamento Básico (abrange os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas) / Total de municípios [Munic 2011] |
G3 |
Número de municípios com serviços públicos de saneamento básico fiscalizados e regulados / Total de municípios [Estimativa] (3) |
G4 |
Número de municípios com instância de controle social das ações e serviços de saneamento básico (órgãos colegiados) / Total de municípios [Munic 2011] |
(1)As informações entre colchetes referem-se às fontes para os valores iniciais do indicador
(2)Trata-se de indicador construído a partir da PNSB. Gestões deverão ser realizadas junto ao IBGE para que as informações a serem futuramente levantadas se alinhem ao previsto no PNRS e contribuam para a substituição do indicador para: “municípios com cobrança por serviços de RSU, sem vinculação com o IPTU”.
(3)Os valores foram estimados e não baseados nos sistemas de informação, em função da limitação que apresentam para a estimativa dessa linha de base: a Munic aborda a regulação e fiscalização indicando se há “definição do órgão responsável pela regulação e fiscalização”, não implicando que os serviços estejam sendo efetivamente regulados e fiscalizados. A base de informações dos levantamentos da Abar, por sua vez, não contemplam o universo dos municípios.
Legenda |
Indicadores de abastecimento de água |
Indicadores de esgotamento sanitário |
Indicadores de manejo dos resíduos sólidos |
Indicador de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas |
Indicadores da gestão dos serviços de saneamento básico |
Para esses indicadores foram estabelecidas metas progressivas de expansão e qualidade dos serviços, para as cinco macrorregiões e para o País, conforme Tabelas 6.2 e 6.3. Essas metas serão instrumentos fundamentais para o acompanhamento da execução da política ao longo dos próximos 20 anos, por meio do monitoramento e avaliação, tendo em vista a implementação dos programas e ações previstos no Plansab e os correspondentes esforços dos governos federal, estaduais e municipais.
Para a maior parte dos indicadores de cobertura de acesso (A1, A2, A3, E1, E2, E3, E5, R1 E R2), os valores iniciais foram estimados com base nas informações do Censo Demográfico de 2010. Para as metas de cobertura dos serviços (exceto para os indicadores A4 e D1), de curto, médio e longo prazos (2018, 2023 e 2033, respectivamente), foi assumida função tendência linear entre o ponto de partida e a meta de longo prazo resultante da pesquisa com especialistas (ano 2030), que foi considerada a mais conveniente interpolação e extrapolação dos valores, inclusive proporcionando razoabilidade na alocação dos investimentos.
TABELA 6.2: Metas para saneamento básico nas macrorregiões e no País (em %)
(continua)
INDICADOR |
ANO |
BRASIL |
N |
NE |
SE |
S |
CO |
A1. % de domicílios urbanos e rurais abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna |
2010 |
90 |
71 |
79 |
96 |
98 |
94 |
2018 |
93 |
79 |
85 |
98 |
99 |
96 |
|
2023 |
95 |
84 |
89 |
99 |
99 |
98 |
|
2033 |
99 |
94 |
97 |
100 |
100 |
100 |
|
A2. % de domicílios urbanos abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna |
2010 |
95 |
82 |
91 |
97 |
98 |
96 |
2018 |
99 |
96 |
98 |
99 |
100 |
99 |
|
2023 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
|
2033 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
|
A3.% de domicílios rurais abastecidos por rede de distribuição ou por poço ou nascente com canalização interna |
2010 |
61 |
38 |
42 |
85 |
94 |
79 |
2018 |
67 |
43 |
53 |
91 |
96 |
88 |
|
2023 |
71 |
46 |
60 |
95 |
98 |
93 |
|
2033 |
80 |
52 |
74 |
100 |
100 |
100 |
|
A4. % de análises de coliformes totais na água distribuída em desacordo com o padrão de potabilidade (Portaria nº 2.914/11) |
2018 |
(1) |
|||||
2023 |
|||||||
2033 |
|||||||
A5. % de economias ativas atingidas por paralisações e interrupções sistemáticas no abastecimento de água |
2010 |
31 |
100 |
85 |
23 |
9 |
8 |
2018 |
29 |
86 |
73 |
20 |
8 |
8 |
|
2023 |
27 |
77 |
65 |
18 |
8 |
7 |
|
2033 |
25 |
60 |
50 |
14 |
7 |
6 |
|
A6. % do índice de perdas na distribuição de água |
2010 |
39 |
51 |
51 |
34 |
35 |
34 |
2018 |
36 |
45 |
44 |
33 |
33 |
32 |
|
2023 |
34 |
41 |
41 |
32 |
32 |
31 |
|
2033 |
31 |
33 |
33 |
29 |
29 |
29 |
|
A7. % de serviços de abastecimento de água que cobram tarifa |
2008 |
94 |
85 |
90 |
95 |
99 |
96 |
2018 |
96 |
92 |
95 |
99 |
100 |
99 |
|
2023 |
98 |
95 |
97 |
100 |
100 |
100 |
|
2033 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
(1)Para o indicador A4 foi prevista a redução dos valores de 2010 em desconformidade com a Portaria nº 2.914/11, do MS, em 15%, 25% e 60% nos anos 2018, 2023 e 2033, respectivamente.
TABELA 6.2: Metas para saneamento básico nas macrorregiões e no País (em %)
(continuação)
INDICADOR |
ANO |
BRASIL |
N |
NE |
SE |
S |
CO |
E1. % de domicílios urbanos e rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários |
2010 |
67 |
33 |
45 |
87 |
72 |
52 |
2018 |
76 |
52 |
59 |
90 |
81 |
63 |
|
2023 |
81 |
63 |
68 |
92 |
87 |
70 |
|
2033 |
92 |
87 |
85 |
96 |
99 |
84 |
|
E2. % de domicílios urbanos servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários |
2010 |
75 |
41 |
57 |
91 |
78 |
56 |
2018 |
82 |
56 |
66 |
94 |
84 |
69 |
|
2023 |
85 |
68 |
73 |
95 |
88 |
77 |
|
2033 |
93 |
89 |
86 |
98 |
96 |
92 |
|
E3. % de domicílios rurais servidos por rede coletora ou fossa séptica para os excretas ou esgotos sanitários |
2010 |
17 |
8 |
11 |
27 |
31 |
13 |
2018 |
35 |
24 |
28 |
49 |
46 |
40 |
|
2023 |
46 |
34 |
39 |
64 |
55 |
53 |
|
2033 |
69 |
55 |
61 |
93 |
75 |
74 |
|
E4.% de tratamento de esgoto coletado |
2008 |
53 |
62 |
66 |
46 |
59 |
90 |
2018 |
69 |
75 |
77 |
63 |
73 |
92 |
|
2023 |
77 |
81 |
82 |
72 |
80 |
93 |
|
2033 |
93 |
94 |
93 |
90 |
94 |
96 |
|
E5. % de domicílios urbanos e rurais com renda até três salários mínimos mensais que possuem unidades hidrossanitárias |
2010 |
89 |
70 |
81 |
98 |
97 |
97 |
2018 |
93 |
82 |
89 |
99 |
98 |
98 |
|
2023 |
96 |
89 |
93 |
99 |
99 |
99 |
|
2033 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
|
E6.% de serviços de esgotamento sanitário que cobram tarifa |
2008 |
49 |
48 |
31 |
53 |
51 |
86 |
2018 |
65 |
62 |
51 |
70 |
69 |
90 |
|
2023 |
73 |
70 |
61 |
78 |
77 |
92 |
|
2033 |
90 |
84 |
81 |
95 |
95 |
96 |
|
R1. % de domicílios urbanos atendidos por coleta direta de resíduos sólidos (1) |
2010 |
90 |
84 |
80 |
93 |
96 |
92 |
2018 |
94 |
90 |
88 |
99 |
99 |
95 |
|
2023 |
97 |
94 |
93 |
100 |
100 |
97 |
|
2033 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
|
R2.% de domicílios rurais atendidos por coleta direta e indireta de resíduos sólidos |
2010 |
27 |
14 |
19 |
41 |
46 |
19 |
2018 |
42 |
28 |
33 |
58 |
62 |
37 |
|
2023 |
51 |
37 |
42 |
69 |
71 |
49 |
|
2033 |
70 |
55 |
60 |
92 |
91 |
72 |
|
R3. % de municípios com presença de lixão/vazadouro de resíduos sólidos |
2008 |
51 |
86 |
89 |
19 |
16 |
73 |
2018 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
|
2023 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
|
2033 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
|
R4. % de municípios com coleta seletiva de RSD |
2008 |
18 |
5 |
5 |
25 |
38 |
7 |
2018 |
28 |
12 |
14 |
36 |
48 |
15 |
|
2023 |
33 |
15 |
18 |
42 |
53 |
19 |
|
2033 |
43 |
22 |
28 |
53 |
63 |
27 |
|
R5. % de municípios que cobram taxa de resíduos sólidos |
2008 |
11 |
9 |
5 |
15 |
15 |
12 |
2018 |
39 |
30 |
26 |
49 |
49 |
34 |
|
2023 |
52 |
40 |
36 |
66 |
66 |
45 |
|
2033 |
80 |
61 |
56 |
100 |
100 |
67 |
|
D1. % de municípios com inundações e/ou alagamentos ocorridos na área urbana, nos últimos cinco anos(2) |
2008 |
41 |
33 |
36 |
51 |
43 |
26 |
2018 |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
|
2023 |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
-- |
|
2033 |
11 |
6 |
5 |
15 |
17 |
5 |
(1)Para as metas, assume-se a coleta na área urbana (R1) com frequência mínima de três vezes por semana.
(2)O indicador D1 adotado é o único em que se dispõe de série histórica capaz de orientar a projeção de metas. Na avaliação, monitoramento e revisões do Plano, deverão ser progressivamente incorporados elementos do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais.
As metas de curto, médio e longo prazos apresentadas para o indicador R3 – “% de municípios com presença de lixão/vazadouro de resíduos sólidos”– visam dar cumprimento à determinação da Lei nº 12.305/10, que estabelece a erradicação de lixões ou vazadouros até 2014. Contudo, é essencial ficar claramente registrado que os resultados da consulta a especialistas, realizada por meio do Método Delphi, apontam para metas muito menos otimistas que aquelas aqui adotadas. A partir da consideração de que a publicação da Lei nº 12.305/10 exercerá forte efeito indutor na antecipação da erradicação dos vazadouros, ajustaram-se os valores das metas indicadas pela referida consulta e se obtiveram, para o Brasil, os valores de 35%, 23% e 0%, respectivamente para 2018, 2023 e 2033, quanto à proporção de municípios com presença de lixões e vazadouros. Os investimentos necessários foram estimados considerando as metas apresentadas na Tabela 6.2, porém, no estudo Panorama do Saneamento Básico no Brasil, apresentam-se as projeções de investimentos para ambas as situações, permitindo eventuais ajustes futuros no planejamento.
Em relação às metas para gestão dos serviços de saneamento básico (G1 a G4), observa-se que essas se referenciam no Decreto Presidencial nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº 11.445/2007. Os artigos 26, § 2º, e 34, § 6º, do referido Decreto preveem, a partir de 2014, o condicionamento para acesso a recursos orçamentários da União (orçamentários e financiamentos) de: i) existência de planos de saneamento básico, elaborados pelo titular dos serviços; e ii) criação de instâncias de participação social.
TABELA 6.3: Metas para gestão dos serviços de saneamento básico nas macrorregiões e no País (em %)
INDICADOR |
ANO |
BRASIL |
N |
NE |
SE |
S |
CO |
G1. % de municípios com estrutura única para tratar da política de saneamento básico |
2011 |
30 |
42 |
19 |
31 |
37 |
46 |
2018 |
43 |
48 |
32 |
46 |
50 |
51 |
|
2023 |
52 |
52 |
41 |
58 |
60 |
54 |
|
2033 |
70 |
60 |
60 |
80 |
80 |
60 |
|
G2.% de municípios com Plano Municipal de Saneamento Básico (abrange os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas) |
2011 |
5 |
4 |
2 |
6 |
8 |
4 |
2018 |
32 |
28 |
27 |
36 |
37 |
28 |
|
2023 |
51 |
45 |
44 |
57 |
58 |
45 |
|
2033 |
90 |
80 |
80 |
100 |
100 |
80 |
|
G3. % de municípios com serviços públicos de saneamento básico fiscalizados e regulados |
2018 |
30 |
20 |
20 |
40 |
40 |
20 |
2023 |
50 |
40 |
40 |
60 |
60 |
50 |
|
2033 |
70 |
60 |
60 |
80 |
80 |
60 |
|
G4. % de municípios com instância de controle social das ações e serviços de saneamento básico (órgãos colegiados) |
2011 |
11 |
8 |
9 |
11 |
11 |
15 |
2018 |
36 |
31 |
32 |
40 |
39 |
36 |
|
2023 |
54 |
47 |
48 |
60 |
59 |
50 |
|
2033 |
90 |
80 |
80 |
100 |
100 |
80 |
Nota: As metas para os indicadores de gestão referenciam-se no Decreto Presidencial nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº 11.445/2007.
De acordo com as metas, o desafio da universalização está posto para os serviços de abastecimento de água potável e de coleta de resíduos domiciliares em todas as áreas urbanas, em 2023 e 2033, respectivamente, bem como para a instalação de unidades hidrossanitárias em todo o território nacional até 2033. Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o abastecimento de águapotável deverá contemplar integralmente as áreas urbana e rural. Além disso, o atendimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelecida em lei implicará a erradicação dos lixões/vazadouros no País até 2014, sendo recomendável ou mesmo imprescindível, em muitos casos, arranjos institucionais que apontem a parceria e o consorciamento dos municípios para tornar esta meta tangível.
Sob o aspecto qualitativo dos serviços de abastecimento de águapotável foi proposta uma redução, até 2033, de 60% do atual número de municípios em desconformidade das análises de coliformes totais no ano (Portaria nº 2.914/11 do MS), bem como o índice máximo de 60% – caso da região Norte – de economias ativas atingidas por paralisações e interrupções sistemáticas no mês. Na região Sul, espera-se que, em 2033, a intermitência não atinja mais de 6% da população.
As perdas na distribuição de água, com atuais valores elevados principalmente nas regiões Norte e Nordeste, mesmo considerando a parcela referente às perdas por faturamento, devem atingir níveis entre 29 e 33%, exigindo dos prestadores esforços específicos para seu enfrentamento.
Em relação ao esgotamento sanitário, a principal meta é alavancar os baixos índices verificados na área rural para valores que considerem, no mínimo, o atendimento de 55% dos domicílios servidos por rede ou fossa séptica – caso da região Norte – de forma a garantir que pelo menos 87% dos esgotos gerados em 2033 sejam adequadamente dispostos. Da mesma forma e buscando reverter o grave quadro de degradação ambiental dos cursos de água, pretende-se alcançar, em 2033, o índice médio de tratamento de 93% do total de esgotos coletados.
Em nível global, note-se a coerência entre as metas estabelecidas para o abastecimento de águapotável e o esgotamento sanitário e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), dos quais o governo brasileiro é signatário. Em termos do acesso ao abastecimento de águapotável, as Metas do Milênio estabelecem a redução, entre 1990 e 2015, de 50% da parcela da população sem acesso. Segundo estudo do PMSS[1], este valor seria de 84,88% de pessoas com acesso e que, a se seguir o ritmo de avanço da cobertura populacional, haveria 71,39% de probabilidade de atingir tal meta. O valor de 93%, em 2018, estabelecido pelo Plansab mostra-se perfeitamente compatível com tal inferência. Em relação ao esgotamento sanitário, o referido estudo estima que a cobertura em 2015 deveria ser de 69,71% da população brasileira com soluções adequadas e que haveria uma baixa probabilidade – 29,81% – de que fosse alcançada. No Plano, estabelece-se a cobertura de 76% em 2018, com uma definição de acesso diferente daquela adotada no referido estudo, no tocante à previsão de atendimento por fossas sépticas nas áreas urbanas.
Para o manejo dos resíduos sólidos, as metas associam a cobertura da coleta à implementação de programas de coleta seletiva que, em 2033, devem alcançar, no mínimo, a 53% dos municípios da região Sul e Sudeste.
Sobre as tarifas e taxas de água, esgotos e resíduos sólidos, a expectativa é de que, até 2033, a organização desses serviços efetive sua cobrança em pelo menos 80% dos municípios no caso dos resíduos sólidos, em cerca de 90% no caso dos serviços de esgotos e em 100% no caso dos serviços de água.
Quanto à drenagem urbana, espera-se que a adoção de estratégias e ações, preferencialmente compensatórias e não estruturais, possa reduzir os problemas advindos de inundações, enchentes e alagamentos nas proporções estabelecidas para cada macrorregião. A obtenção de dados a partir do Sinisa e do processo de monitoramento e avaliação do Plansab, associado a outras fontes de informação, poderá permitir melhor ajuste nas metas desse indicador.
Considerou-se ainda fundamental, com base em dados da Munic e estimados, o estabelecimento de metas para a gestão institucional, enfatizando os aspectos de planejamento, fiscalização e regulação dos serviços e a existência de instâncias de participação e controle social. Dessa forma, visibilidade será dada a estes aspectos estruturantes e a execução do Plansab procurará acompanhar a evolução desta importante face da gestão do saneamento básico no País. Com base nas determinações do Decreto Presidencial nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº 11.445/2007, conta-se que, além da fiscalização e regulação da prestação de serviços, 90% dos municípios brasileiros passem a dispor de Planos de Saneamento Básico, elaborados e devidamente aprovados, e com instâncias de controle social até 2033. Para tanto serão necessários esforços articulados entre os três níveis de governo – federal, estadual e municipal – por meio de um conjunto de iniciativas de apoio e indução, como uma campanha nacional, de forma a sensibilizar e suprir a demanda técnica e financeira para a elaboração dos planos.
A Figura 6.1 ilustra as metas para a cobertura total de água e esgotos (A1 e E1), para o tratamento dos esgotos coletados (E4) e para a coleta direta (porta a porta) de resíduos na área urbana (R1) em todas as regiões e no País em 2033 Observa-se que, tendo em vista a universalização dos serviços, as regiões Sudeste e Sul apresentam as metas mais ousadas.
FIGURA 6.1: Principais metas para saneamento básico nas macrorregiões e no País em 2033
Destacam-se ainda, dentre as metas propostas, os índices relativamente baixos esperados na área rural, com exceção das regiões Sudeste e Sul. As Figuras 6.2 e 6.3 sintetizam essa situação no País, projetando para as áreas urbana e rural, respectivamente, as metas para a cobertura pelos serviços de água e esgotos e para o atendimento da coleta dos resíduos domiciliares em 2018, 2023 e 2033.
FIGURA 6.2: Principais metas para a área urbana do Brasil em 2018, 2023 e 2033
Essas desigualdades na prestação de serviços de saneamento básico, como pode ser observado na comparação entre as Figuras 6.2 e 6.3, justificam e reforçam a previsão, no Plansab, de um Programa de Saneamento Rural que contemple as especificidades de toda a população da área rural no País.
FIGURA 6.3: Principais metas para a área rural do Brasil em 2018, 2023 e 2033
Em relação às Unidades da Federação, a Tabela 6.4 apresenta uma síntese das principais metas dos serviços de saneamento básico.
TABELA 6.4: Metas para principais serviços de saneamento básico nas unidades da federação (em %)
REGIÃO |
UF |
INDICADORES* |
|||||||||||
A1 |
E1 |
R1 |
|||||||||||
2010 |
2018 |
2023 |
2033 |
2010 |
2018 |
2023 |
2033 |
2010 |
2018 |
2023 |
2033 |
||
N |
RO |
84 |
90 |
94 |
100 |
22 |
47 |
63 |
94 |
89 |
93 |
96 |
100 |
AC |
58 |
71 |
79 |
95 |
37 |
52 |
62 |
81 |
75 |
85 |
91 |
100 |
|
AM |
72 |
77 |
80 |
87 |
44 |
60 |
71 |
91 |
86 |
91 |
95 |
100 |
|
RR |
80 |
86 |
90 |
97 |
45 |
63 |
74 |
97 |
92 |
95 |
97 |
100 |
|
PA |
66 |
75 |
81 |
94 |
31 |
51 |
63 |
87 |
81 |
88 |
93 |
100 |
|
AP |
73 |
82 |
87 |
98 |
24 |
42 |
54 |
77 |
87 |
92 |
96 |
100 |
|
TO |
84 |
88 |
91 |
97 |
29 |
45 |
56 |
76 |
89 |
93 |
96 |
100 |
|
NE |
MA |
63 |
74 |
80 |
94 |
27 |
48 |
61 |
88 |
67 |
80 |
89 |
100 |
PI |
75 |
83 |
88 |
98 |
29 |
51 |
65 |
93 |
79 |
87 |
93 |
100 |
|
CE |
81 |
87 |
91 |
99 |
43 |
58 |
67 |
85 |
77 |
86 |
92 |
100 |
|
RN |
86 |
92 |
95 |
100 |
45 |
57 |
65 |
79 |
89 |
93 |
96 |
100 |
|
PB |
80 |
84 |
86 |
92 |
49 |
60 |
66 |
79 |
88 |
93 |
96 |
100 |
|
PE |
80 |
84 |
87 |
91 |
55 |
65 |
71 |
84 |
88 |
93 |
96 |
100 |
|
AL |
79 |
85 |
89 |
97 |
33 |
52 |
63 |
87 |
80 |
88 |
93 |
100 |
|
SE |
84 |
88 |
91 |
97 |
50 |
62 |
70 |
84 |
90 |
94 |
96 |
100 |
|
BA |
81 |
88 |
93 |
100 |
52 |
63 |
70 |
84 |
77 |
86 |
92 |
100 |
|
SE |
MG |
95 |
97 |
98 |
100 |
79 |
81 |
83 |
86 |
95 |
99 |
100 |
100 |
ES |
97 |
99 |
100 |
100 |
74 |
80 |
84 |
92 |
92 |
98 |
100 |
100 |
|
RJ |
94 |
99 |
100 |
100 |
86 |
90 |
92 |
96 |
87 |
97 |
100 |
100 |
|
SP |
97 |
99 |
100 |
100 |
91 |
95 |
97 |
100 |
96 |
99 |
100 |
100 |
|
S |
PR |
98 |
100 |
100 |
100 |
65 |
77 |
84 |
100 |
96 |
99 |
100 |
100 |
SC |
98 |
100 |
100 |
100 |
77 |
84 |
89 |
98 |
97 |
99 |
100 |
100 |
|
RS |
98 |
98 |
98 |
100 |
75 |
83 |
88 |
98 |
94 |
99 |
100 |
100 |
|
CO |
MS |
95 |
96 |
97 |
100 |
39 |
52 |
61 |
78 |
97 |
98 |
99 |
100 |
MT |
91 |
95 |
97 |
100 |
36 |
51 |
60 |
79 |
93 |
96 |
97 |
100 |
|
GO |
94 |
96 |
98 |
100 |
49 |
61 |
68 |
82 |
94 |
96 |
98 |
100 |
|
DF |
96 |
97 |
98 |
100 |
89 |
93 |
96 |
100 |
84 |
91 |
94 |
100 |
* A1: percentual de domicílios totais abastecidos por água; E1: percentual de domicílios totais servidos por esgotamento sanitário; R1: percentual de domicílios urbanos atendidos por coleta de lixo.
Considerando as 12 regiões hidrográficas brasileiras, as metas estimadas para os indicadores A1, E1 e R1 podem ser visualizadas na Tabela 6.5.
TABELA 6.5: Metas para principais indicadores de saneamento básico nas regiões hidrográficas brasileiras (em %)
Região Hidrográfica |
A1 |
E1 |
R1 |
|||||||||
2010 |
2018 |
2023 |
2033 |
2010 |
2018 |
2023 |
2033 |
2010 |
2018 |
2023 |
2033 |
|
Amazônica |
74 |
82 |
86 |
96 |
34 |
53 |
64 |
87 |
86 |
91 |
95 |
100 |
Tocantins-Araguaia |
83 |
87 |
91 |
97 |
36 |
52 |
62 |
81 |
88 |
92 |
95 |
100 |
Atlântico NE Ocidental |
63 |
74 |
80 |
94 |
27 |
48 |
61 |
88 |
67 |
80 |
89 |
100 |
Parnaíba |
74 |
82 |
88 |
98 |
30 |
51 |
65 |
92 |
78 |
86 |
93 |
100 |
Atlântico NE Oriental |
81 |
87 |
90 |
96 |
45 |
59 |
66 |
82 |
85 |
91 |
95 |
100 |
São Francisco |
87 |
91 |
93 |
98 |
61 |
70 |
76 |
87 |
86 |
92 |
95 |
100 |
Atlântico Leste |
84 |
89 |
93 |
99 |
53 |
64 |
71 |
85 |
85 |
91 |
95 |
100 |
Atlântico Sudeste |
96 |
99 |
100 |
100 |
81 |
85 |
88 |
94 |
90 |
98 |
100 |
100 |
Paraná |
96 |
98 |
99 |
100 |
74 |
81 |
86 |
95 |
93 |
97 |
98 |
100 |
Atlântico Sul |
97 |
98 |
98 |
100 |
63 |
73 |
79 |
91 |
96 |
99 |
100 |
100 |
Uruguai |
98 |
99 |
99 |
100 |
76 |
84 |
89 |
98 |
96 |
99 |
100 |
100 |
Paraguai |
93 |
95 |
97 |
100 |
37 |
51 |
60 |
79 |
95 |
97 |
98 |
100 |
* A1: percentual de domicílios totais abastecidos por água; E1: percentual de domicílios totais servidos por esgotamento sanitário; R1: percentual de domicílios urbanos atendidos por coleta de lixo
[1]JNS ENGENHARIA, CONSULTORIA E GERENCIAMENTO; ETEP CONSULTORIA, GERENCIAMENTO E SERVIÇOS. Serviços de consultoria para a realização de estudo sobre as deficiências de acesso aos serviços de saneamento básico no Brasil. Brasília: Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Programa de Modernização do Setor de Saneamento, 2007. Esse estudo assume conceitos, para acesso ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário, mais restritos, ou seja, com melhor padrão de qualidade, que aqueles empregados para o monitoramento global das metas do milênio, o que explica eventuais divergências entre os números do estudo e os publicados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).